O fim das coisas, retratado nos três Universos

Aparentemente, a morte significa o patético fim de nossos seres biológicos, limitados que estamos aos determinismos naturais. Não obstante, a morte nos parece importante à sustentação da vida, sem a qual esta não poderia se manter em sua continuidade. Em acréscimo, dotados de consciência e a partir dos instintos naturais de sobrevivência, ficamos com a convicção de que ela se resume apenas num processo natural de transformação, não possuindo estrutura essencial. Para isso, basta considerar nosso corpo envolvido em diferentes condições, quando relacionado, seja ao mundo cósmico, seja ao mundo quântico ou pelas características virtuais de nossa espiritualidade, que permite identificar-nos independentemente de nosso  corpo, sendo este apenas um instrumento, uma morada do eu.

O ser humano, por ser capaz de intuir a existência desses três universos diferenciados, mas integrados, os percebe muito semelhantes a uma manifestação divina: a soberania  de Deus Pai (no macrocosmo), os milagres do Deus Filho (no mundo quântico) e as inspirações do Divino Espírito Santo (no mundo virtual), uma perspectiva mística capaz de nos oferecer as íntimas relações que há entre o divino e o mundo natural, segundo o princípio “Tudo que está em baixo é semelhante ao que está em cima”.

Dessa forma, no que diz respeito ao fim das coisas no mundo cósmico, a física determina que tudo que tem um começo deve igualmente ter um fim, segundo um princípio lógico de coerência, as leis da entropia,  frustrando assim nossas esperanças naturais de permanência no mundo físico. Não obstante, pela força da mística, da religião e da fé, torna-se possível superar tal impasse, confiando na ressurreição dos mortos, como cremos ter ocorrido com Cristo. Ainda mais, a permanência autônoma de nosso espírito (ou alma) é um fato igualmente observado naturalmente, o que vem reforçar os argumentos provenientes da fé.

Quanto ao mundo quântico, não há que falar em fim das coisas, mas apenas em um pulsar permanente de ondas/partículas, que nunca param de surgir, pela energia criada a partir do big-bang. Mesmo assim, é espantoso como ainda podem se organizar para formar o  mundo cósmico, o que nos faz pressupor a existência de um design inteligente que as torne organizadas.

Quanto ao mundo virtual, este  de nossa espiritualidade, verificamos que aqui também não há que falar em fim de qualquer coisa, pois apesar de serem momentâneas e aleatórias, as conquistas do espírito nos asseguram a perenidade dos valores (ser, verdade, justiça, amor e liberdade), bens culturais que são permanentes, garantidos por sua transcendência e conservados, seja por serem metafísicos, seja pela memória histórica, pela arte ou  pelos testemunhos documentais.

Verifica-se, portanto, que o desaparecimento de qualquer coisa deve ser considerado dentro de seu próprio mundo, como resultante dos processos de transformação que afetam o universo como um todo, superando os desgastes entrópicos, sem, contudo, se constituírem um fenômeno radical na estrutura íntima da realidade, pois nada tem fim, mas tudo perdura sob diversas formas. O fim de tudo é uma concepção restrita às perspectivas materialistas e não ocorre seja no macrocosmo, pelas experiências concretas de nossa fé, nem também no mundo quântico ou no mundo virtual, que se colocam diferentes da matéria, em substância e natureza.  A precedência aqui é do Espírito sobre tudo o mais.