Existência e transcendência

A transformação da matéria em consciência é o maior presente que a Natureza poderia nos oferecer, o milagre destinado doravante a colocar sobre os ombros da humanidade o trabalho ingente de ter de compreender, aperfeiçoar e evoluir o próprio Universo como um todo. Este é o desafio de todos nós, os viventes da espécie humana!

Não obstante, aparentemente nossa consciência ou razão não se apresenta nem um pouco compatível com a natureza do Universo, o que a faz sentir-se estranha, por possuir características que a colocam em conflito com as forças materiais do Universo que as geram.

Ora, esta situação tem sido acentuada por pensadores desde o aparecimento da filosofia, configurando a existência de um dualismo aparentemente irreconciliável entre Natureza Física e Razão, como ocorreu com o pensamento de Platão, São Paulo, Santo Agostinho e Descartes, entre outros.

Não obstante, outros pensadores têm acentuado que o conhecimento da totalidade cósmica necessita da integração entre universo e razão, pois ambos são bastante semelhantes em seus paradigmas, se nos apresentando fenomênicos, evolutivos, racionais, virtuais e simbólicos, caracterizando um monismo de mútua abrangência, a partir da precedência de nossa própria capacidade racional (KANT).

Dessa forma, diante da aceitação atual de que a ciência experimental não tem capacidade para explicar a evolução universal e o aparecimento da vida, nossa abertura para o transcendente (de tras, atravessar escando, subir) se torna algo natural, como única resposta possível diante do manifesto milagre que significa existir.

Em conclusão, como demanda nossa espiritualidade, importa  reconhecer que Universo e Razão têm uma origem comum,  proveniente de suas origens transcendentes, como única forma de dar justificativa à existência, minha e do mundo, que ex abrupto se nos apresenta tão aleatória e tão destituída de sentido. Aqui, vale um pouco de humildade, reforçada pela graça da fé, como Cristo pregou com tanta convicção!