A vida, objetivo principal da criação

Quando se fala de objetivos, a ciência não se sente capaz de oferecê-los, simplesmente porque eles ultrapassam os limites de suas pesquisas, sendo uma tarefa exclusivamente humana detectá-los. Dotados de uma capacidade compreensiva e crítica (filosofia), os seres humanos são as únicas criaturas naturais capazes de alcançar uma visão global do que vivenciam, no conjunto de tudo que se manifesta.

Esta é uma capacidade própria de nosso espírito, que observa diferentes formas do impulso vital presente em muitas dimensões da realidade, desde o mundo microcosmo, até alcançar a dimensão de uma vida com características espirituais. Ora, isto nos leva naturalmente a indagarmos de onde vem este desejo irresistível que temos de permanecer vivos, apesar de sua fragilidade e de sua pouca importância às vidas individuais: é como se a vida fosse importante apenas no âmbito das espécies.

Dessa forma, ampliando o conceito de vida para aquele de ação e presença (ex-sistentia), a ciência acaba por reconhecer que todo o Universo se nos apresenta dotado de dimensões diferenciadas de viver existencial, inconsciente ou sensível, latente ou manifesta, sensível ou virtual, material ou espiritual, o que sem dúvida reflete a riqueza de seus detalhes e a variedade de seus aspectos. Assim, podemos distinguir as manifestações vitais que permeiam o Universo, distinguindo:

  1. A vida, como está presente no mundo da matéria, reduzida apenas à ação e destruição, nos parece, à primeira vista, sem finalidade ou coerência, como universo que é apenas o caos. Não obstante, subjaz no mundo material, desde o micro ao macrocosmo, um esforço vital de organização, sem o qual o a criação não se desenvolveria. Mesmo reduzida a vibrações e saltos quânticos, os átomos se estruturam para formar o universo organizado.
  2. A vida, como se manifesta no mundo vegetal, representa um segundo passo na evolução vital: os vegetais nos mostram um mundo cheio de vida e variedade de formas. Passivas e completamente submissas ao meio-ambiente, as plantas são seres vivos que nos encantam pelo seu silêncio e sua disposição permanente de produzir flores e frutos, conforme aos dispositivos de sua genética.
  3. A vida animal, dotada de movimento e autodestruição, só se mantém eliminando outros seres vivos. Reduzida apenas às suas necessidades fisiológicas, a vida animal é uma etapa dramática na escalada da evolução, representando um mundo cuja lei básica é a sustentação de sua sobrevivência, pelo sucesso dos mais aptos.
  4. Por outro lado, na vida humana, a incidência de sua capacidade intelectual se torna fator de superação dos determinismos naturais, pelo surgimento de suas características espirituais: criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade.
  5. Não obstante, será só através da vida espiritual que o ser humano poderá de fato compreender o fenômeno da vida, pois, a universalidade do fenômeno da vida nos remete diretamente à intuição de Deus, que é vida em profusão.