Uma visão holística do Universo

É sintomático  verificar que há ainda muitos autores materialistas que insistem em suas teses radicais, disfarçando-as de boas promessas futuristas, como se constata com o festejado HOMO DEUS, de Yuval Noah Harari (SP, Companhia das Letras, 2015). Não obstante, faz- se necessário  considerar as dúvidas patrocinadas pela ciência, que nos apresentam um Universo bastante complexo e precário, contrariando tais atitudes promissoras da redenção autônoma  da humanidade, demandando bastante humildade e pronto reconhecimento das incertezas que cercam a realidade como um todo.

Não levar em conta a física quântica e os valores que envolvem nossa cultura tradicional é fazer pouco caso de uma evolução humana cercada de lutas e tragédias, que não fazem mais do que denunciar nossa estranha imbecilidade. Não há nenhuma certeza, a não ser aquela de uma eterna imprecisão quanto aos destinos futuros do ser humano, preso sempre às amarras do aleatório. Por isso cabe-nos contribuir, na medida do possível, em preservar as certezas que a História nos delega, confiantes sempre numa Providência que dirige o destino de tudo e de todos (sic).

Dessa forma, temos de levar em conta não apenas a realidade do macrocosmo, mas também a do mundo quântico e a do mundo virtual, semelhantes  a uma tríplice dimensão que liga o universo material, as micro partículas e o mundo consciente às suas origens transcendentes, unindo a terra com o céu, uma homologia holística que dá coerência à toda a criação, e nos permite  constatar que há um sentido, um panenteísmo a orientar, a distância, o perfil da realidade.

Assim, o macrocosmo é o Reino do Pai, a primeira etapa de nossa conscientização a respeito das condições que cercam a materialidade do Universo, o mundo de nossa sensibilidade primária. O mundo quântico é o Reino do Filho, onde se confirmam as origens fantásticas que cercam a realidade, como aquelas semelhantes ao Cristo, o ungido do Senhor. Finalmente, o mundo virtual é o Reino do Espírito, que nos identifica com nossa consciência, com nossa cultura,  arte e  religião.

Ora, a presença dessa unidade entre o terreno e o divino é o que há de mais consistente  em nossas vidas, pela certeza que temos de não estarmos sozinhos neste mundo tão alienado e tão cheio de surpresas inusitadas, confirmando assim não serem aleatórias as maravilhas da criação divina, o que nos deve  deixar humildes diante de tanta variedade e exuberância.

Há, pois, uma unidade entre o material e o divino, o que nos obriga a reorientar nossos propósitos, consolidando o fato de que o Universo tem um sentido evolutivo, caminhando cada vez mais no caminho da descoberta do Espírito, o mundo virtual que nos ultrapassa, à custa de nossas próprias disposições e responsabilidades.

Nossos atos se tornam, dessa forma, cada vez mais responsáveis para a colimação de objetivos que não são apenas nossos, mas constituem a trama dos esforços divinos pela nossa emancipação como seres  humanos divinizados. Este tem sido o caminho relevante de todos os acontecimentos históricos que têm marcado a história humana e não podem deixar de ser enfatizados, como elos implicados em nossa evolução.