Seres humanos, espíritos em ação

A convivência humana em sociedade está de tal forma desvirtuada e agressiva que só uma revolução na maneira de considerarmos nossos semelhantes poderá de novo humanizá-la. Dessa forma, uma cruzada coletiva de conscientização poderia ainda minimizar muitos dos atuais pecados coletivos que afetam nossa civilização, o que não dispensa desde já a nossa própria transformação na maneira de convivermos com nossos semelhantes.

Sem dúvida, desde o surgimento do cristianismo há dois mil anos, estamos conscientes de que somos imagem e semelhança de Deus e templos do Espírito Santo. Contudo, os propósitos ‘libertários’ da cultura moderna relegam a religião a um plano secundário, havendo hoje até um propósito deliberado de destruí-la.

No entanto, não podemos deixar de constatar os efeitos perversos que esta mesma cultura tem provocado em nosso imaginário, desmistificando os pressupostos simbólicos inerentes a uma visão mais transcendente deste mundo e das pessoas que deveriam ser considerados nossos irmãos, com as consequências danosas do aumento da violência e das agressões que tanto desfiguram nossa civilização.

Dessa forma, indiferentes ao humanismo cristão, e influenciados pelos apelos da cultura moderna que só fala em prazer, riqueza material e consumo, temos tornado a vida social uma praça de guerra na qual imperam apenas a ostentação e a descompostura, num quadro de violência incentivado pelas drogas e pela ausência de uma educação moral mais consciente.

É por tudo isso que estamos necessitando urgentemente de uma revolução na forma de considerarmos nossos irmãos humanos, aprendendo a vê-los como imagens do Criador em nossa frente, espelhos da Divindade que se manifesta. Dessa forma, ofender qualquer ser humano representaria ofender Aquele que nos cria e nos dá a vida.

Sem dúvida, à humanidade não resta outro caminho senão aquele de sua submissão incondicional aos valores propostos pelo cristianismo, que propugna pela paz, confiança em Deus e amor incondicional ao semelhante, isto que a humanidade hoje não sabe como praticar.

Assim, saibamos aceitar as conquistas da modernidade dentro de uma perspectiva humanizadora, sem o que elas causarão nossa própria destruição e quando virmos uma pessoa em nossa frente, tenhamos sempre em mente estarmos diante de uma parcela da divindade, d’Aquele que se manifesta por meio da variedade de cada ser criado. Pois só aprenderemos a respeitar e amar nossos semelhantes a partir dessa idéia forte de que somos figurações vivas de Deus.

Vamos considerar que a maldade que eles praticam são apenas deformações de consciência que a própria cultura lhes impõe e se essas pessoas estão cada vez piores, isto apenas demonstra a incapacidade natural que temos tido de neutralizá-las. É apenas por isso que nossa civilização estará já de antemão condenada ao fracasso, se não encontramos meios de torná-la mais fraterna.