Sentidos, mente, espírito

A diferenciação entre os nossos sentidos, nossa mente e o espírito que os alimenta, constitui um tema por demais explorado entre os estudiosos da psicologia e, é claro, pela sua complexidade, pode dar origem a muitos modelos de abordagem, o que passa a caracterizar nossas diferentes visões da realidade.

Começaremos dizendo que os sentidos são os instrumentos que nosso corpo possui para explorar o mundo exterior da realidade “material”, o primeiro nível através do qual nossa experiência se torna “física”.É o campo das explicações “objetivas”.

E o que é que os nossos sentidos nos informam a respeito da realidade? Sem dúvida que quase nada , a não ser uns poucos recursos informativos de aplicabilidade imediata e próxima. Na verdade, nossos sentidos nos fornecem apenas uma imagem “ilusória”, conclusões utilitárias que depois de uma pesquisa mais profunda, resultaram eivados de erros e imprecisões. Cada vez mais a ciência comprova que nossos sentidos não são absolutamente confiáveis (Descartes).

Já o campo da mente não é mais o da explicação mas o da compreensão, o nível “quântico” da obtenção do sentido. Pela física, ficamos sabendo que os “quanta” são os saltos energéticos das partículas sub-atômicas, os que permitem a transformação da energia em matéria e vice-versa.

De forma semelhante, é pela via de saltos quânticos que a matéria se estrutura, cria individualidades ônticas, gera simetria e proporção. A variedade das formas e cores, sua simetria; a harmonia dos sons, o espetáculo das luzes, a beleza dos rostos, tudo isso são produtos dos saltos quânticos provenientes da natureza e da mente.

É a partir da mente que o tempo se torna instante, as distâncias se anulam, o espaço se torna um ponto. Tudo é muito improvável, não há mais relações diretas de causa e efeito. Não obstante, o fluxo da realidade se organiza, tudo se torna miraculoso. Impõe-se o apelo a uma Inteligência Superior para impor ordem no caos, como a única forma capaz de tornar compreensível as finalidades das forças materiais, o contraste entre seu dinamismo e a frugalidade de suas existências.

Por fim, o ingresso no campo do espírito nos dá acesso ao mundo das virtualidades. O espírito interage com a mente e a experiência sensível, moldando-os segundo as suas potencialidades. Dessa forma, todos nos tornamos identificados com tudo, o que acarreta igualmente a nossa cumplicidade.

Pelo salto quântico do espírito, todas as oposições se conciliam, tudo se torna metafórico, não passando a haver mais contradição entre o tempo e a eternidade, entre o material e o espiritual, entre o bem e o mal. O espírito testemunha a presença de um Poder Superior em mim que me identifica comigo mesmo, tornado tudo uma só realidade.

O Espírito é virtual porque transforma a aparente substancialidade inerte das coisas em fenômenos passageiros, aparências fugazes que se nadificam, mas que sem Ele, elas mesmo não existiriam, pois o Espírito é identidade pessoal, permanência na transformação, é Deus em nossa alma.