Reflexões sobre a imortalidade

De acordo com a recomendação de PLATÃO “filosofar é aprender a morrer”, é oportuno, então, nos dedicarmos a tratar desse tema tão complexo de nossa natureza, as indicações percucientes  que confirmam nossa imortalidade. O ponto de partida aqui será o clássico dualismo, a tese que nos assegura a diferença radical que há entre nosso corpo e nosso espírito, como pensaram desde muito cedo SÓCRATES, PLATÃO, SANTO AGOSTINHO, DESCARTES, HEGEL e a maioria dos filósofos, que afirmam nossa realidade inteiramente dependente de um ESPÍRITO, estranho ao mundo material.

Assim, verificamos que a vida não termina com a morte, pelo simples fato de que ela não pertence à natureza intrínseca do corpo: o espírito com ele não se confunde, pois mesmo o corpo envelhecendo, o espírito permanece lúcido até o fim, a não ser que uma doença o aniquile. Isto explica a indiferença da Natureza quanto à realidade da morte, que faz dela o próprio sustentáculo da vida: eis, pois, que a morte garante a manutenção da vida!

Corroborando, o cristianismo não dá nenhuma importância à morte, o que se constata na afirmação de Cristo (Mt 22, 31/32): YAHVEH não vos disse “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó ? Ele não é o Deus da morte, mas dos vivos”? Ora, isto nos sugere as mudanças  que devemos realizar quando tratamos do tema da morte, que pertence apenas às transformações do mundo cósmico, não sendo específica nem no mundo quântico nem no mundo virtual.

Dessa forma, o  mundo quântico, nos assegurando a instabilidade de tudo o que existe, apenas nos deve conscientizar que nada é permanente, mas que tudo oscila segundo o propósito de um design inteligente, senão o caos nunca teria se transformado em cosmos ou o mundo organizado. É assim, pois, que a vivificação das coisas se dá pelo princípio ativo que nos vem do Espírito, tornando a matéria uma mera potencialidade de poeira.

Em complemento, o mundo criado pela  nossa espiritualidade, que se reflete em pensamento, arte  e religião, nos indica que, apesar de suas virtualidades, tais manifestações culturais  são permanentes, por serem  transcendentes à sua história, como se verifica pelas condições de sua  criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade e também ínsitas  na  realidade dos valores: o ser, a verdade, o bem, a beleza e a justiça, que são eternos em sua consistência, por serem metafísicos e independentes do tempo e do espaço.

Assim, para desenvolver sua experiência na imortalidade, fale com seu corpo imaginariamente morto e faça dele a sua companhia, sem ter medo de sentir a sua transformação. Isto lhe dará alegria de poder viver cada dia de sua vida como um milagre, uma graça, a você concedida pelo Criador. Experimente ser um observador isolado do planeta Terra, autônomo de suas vicissitudes, o que lhe dará confiança em sua imortalidade. Pense no que ocorreu antes de você ter nascido e como tudo ficará da mesma forma depois que ocorrer a sua ausência. O que restará será apenas a oportunidade de ter vivido, o que sua vida foi capaz de realizar.  O destino de nosso corpo é o retorno inexorável ao pó, porém o Espírito que o animou não cessará de existir, por ser a causa permanente, etérea e universal, divina e transcendente a  tudo que vem à existência. Este é o milagre de nosso ser.