Por que o ateísmo é irracional

Os ateus acusam os crentes de usarem pouco a razão, quando na verdade é o oposto que ocorre, pois suas teimosias em não aceitar a existência de um Princípio Transcendente para dar conta da existência das coisas parecem mais idiossincrasias ideológicas do que a coerência de uma racionalidade sensata.

Sem dúvida, a consistência de Deus como Espírito (Jo, 4-24) não é fácil de ser apreendida e é por isso que há necessidade de muita inspiração e aprofundamento místico, quando se trata de oferecer argumentos prós ou contra Sua existência. Ocorre que esses fanáticos antiteístas (jornalistas, biólogos e críticos sociais) não parecem ser as autoridades mais categorizadas para falar de algo tão importante para todas aquelas pessoas abertas aos valores da fé, pois o acesso a Deus se dá muito mais pelas vias da graça do que por nossa vontade.

Ainda mais, as carências filosóficas desses pretensos sábios não lhes permitem ultrapassar a dicotomia objetivo/subjetivo, o que tem sido o grande obstáculo para que se possa atingir uma visão integrada entre o material e o espiritual, ou seja, aquela mais condizente com as características virtuais e simbólicas do mundo da natureza e do espírito, sempre prontos a nos oferecerem pistas, se estamos sensíveis aos aspectos extraordinários da existência!

Em seguida, o próximo passo na consideração de nossa espiritualidade será ultrapassar o antropomorfismo causado pela impressão errônea de separação entre eu e o mundo, pois, segundo uma visão holística, transcendência e imanência estão sempre em processo de mútua implicação. Assim, percebo que tudo que existe é a expressão de um construto mental, expressão de uma forma.

Em acréscimo, “ quando Deus está morto, os seres humanos – para seu prejuízo – correm o risco de assumir o palco psicológico central. Eles se imaginam comandantes do próprio destino, pisoteiam a natureza, esquecem os ritmos da terra, negam a morte e se esquivam de avaliar e reconhecer tudo o que escapa ao seu domínio, até que, afinal, precisam colidir de maneira catastrófica com as arestas ponteagudas da realidade” (BOTTON, Alain de. Religião para ateus. RJ, Ed Intrínseca, 2011, p. 168).

O ateísmo é, pois, irracional, por desprezar o núcleo principal de nossas preocupações, qual seja o de encontrar o selo de uma unidade adequada diante de um Universo que se nos apresenta dotado de dimensões que vão se superando, a partir do mundo das micropartículas, passando para o universo da química e daí para a biologia, até alcançar o nível da vida consciente.

Dessa forma, o futuro da humanidade não tem outro caminho senão o do desenvolvimento das características espirituais que inundam a Natureza e nossa mente de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade.