Por que a realidade é espiritual

Foi a pesquisa científica, desde os seus primórdios, que no afã de descobrir a natureza das coisas, limitou o real àquilo que percebemos através de nossos cinco sentidos. Foi o advento da heteronomia da matéria, tida como a origem de tudo.

Não obstante, são as próprias pesquisas científicas que nos asseguram hoje que a realidade material, como nós a percebemos, não é o substrato final de tudo, muito pelo contrário: descortina-se, diante de nós um mundo fértil de fenômenos envolvendo micropartículas e ondas de energia, não percebidas pelos nossos cinco sentidos, mas que, na verdade, constituem a trama de tudo o que acontece.

Ainda mais, a ciência nos assegura que são nossos processos de conhecimento e pesquisa que determinam o comportamento dessas partículas, transformando nosso cérebro no verdadeiro sustentáculo do perfil da realidade, o que a torna, portanto, refém da forma e dos processos do que conseguimos pesquisar!

Ora, esta interdependência entre energia, ondas e pensamentos nos indica que houve, desde o início da criação, a procura de um sentido, que nos confirma o porquê da evolução, a transformação do caos em cosmos, como diriam os gregos. É o casual se transformando em determinismo, o acaso se transformando em necessário.

Dessa forma, não há como deixar de reconhecer as características virtuais de tudo que observamos, pela precedência de um espírito, surgente através da matéria, mas superior à ela pela sua capacidade de criar, organizar e interpretar essa própria realidade. Transcendência e imanência se imiscuem aqui como duas faces de uma mesma moeda.

É por isso que a realidade se apresenta para nós como algo distante, inapreensível em sua verdadeira essência e expressa apenas em forma de impressões e linguagens, nos aparecendo sempre mutante e simbólica. Importa-nos, portanto, tirar todas as consequências desses fatos, aprendendo a conviver imersos no relativismo e no subjetivismo das opiniões, como podemos constatar a cada instante.

Contudo, esses fatos devem conduzir nossas reações para o reconhecimento de que se somos fisicamente fracos, somos por outro lado fortes pelo espírito transformador de que somos dotados, o que coloca toda a realidade universal dependente de nossas iniciativas e descobertas.

Sendo, portanto, produto do Espírito, a realidade nos força a reconhecê-la como uma manifestação sui generis, pela presença de um Princípio Superior que a anima, a ocorrência de uma evolução cujos acontecimentos, dotados de sentido, nos ajudarão a compreender melhor nosso papel como pessoas premiadas pela graça do viver.