Os rótulos expressam espiritualidade

Admitindo que a obtenção de nossos conhecimentos não se dá apenas pela excitação isolada dos sentidos exteriores, constatamos que qualquer apreensão viva da experiência cognitiva depende da montagem de um quadro circunstancial de inter-relações que ora denominamos rótulos, ou seja, arranjos semióticos de expressão e conteúdos significativos.

Dessa forma, podemos constatar que os rótulos expressam propriedades virtuais, próprias de nosso espírito e podem ser de inúmeras formas e feições, concretas ou abstratas, refletindo o caráter principal de sua estrutura, moldando assim o feitio e a variedade de nossos conhecimentos. Eis alguns exemplos:

  • rótulos de apresentação de objetos, expressando sua natureza e suas qualidades.
  • rótulos de caráter artístico, expressando a beleza da arte e a transformação das formas, como ocorre na pintura, no teatro, nos lay-outs, arranjos decorativos, moda, cinema, artes visuais, etc.
  • rótulos icônicos, como as imagens e os objetos de veneração, medindo a intensidade de nossas percepções místicas, como nas imagens e na figuração dos santos.
  • rótulos intelectuais, aforismos e peças literárias, artigos, contos ou romances, produtos da inteligência humana no desejo de criar e fazer funcionar nossas ideias e sentimentos.
  • rótulos visionários, frutos de nossos sonhos e nossas aspirações fantásticas, os avatares de nossas criações surrealistas.

Ora, esta riqueza e variedade de nossas representações mentais só se tornam possíveis a partir do reconhecermos que todo ser humano traz em si um princípio espiritual, fácil de ser identificado, conforme nos assegura DESCARTES na Segunda Meditação, através de nossas características de  criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, fatores transcendentais que singularizam a imanência de algo em nós que ultrapassa a natureza física de nosso eu. Nós somos seres espirituais, queiramos ou não.