O Universo parece ser dotado de consciência

Foi o dualismo cartesiano impondo a diferença entre coisa e pensamento (res extensa e res cogitans) que gerou a ideia do antropomorfismo, desintegrando a unidade possível existente entre nós e o Universo, passando a considerar todos nossos conhecimentos como apenas opiniões, sem correspondência na realidade (KANT).

Isto não obstante, com as pesquisas no campo da física quântica, foi superado este dualismo, tornando-se possível constatar diversos fenômenos peculiares da matéria atômica, com indicações de que a estrutura última do Universo inclui manifestações como de autoconsciência, escolha, finalidade e não-localidade, atributos específicos do mundo espiritual (cfr. GOSWAMI, Amit. O Universo Autoconsciente. SP, Ed Aleph, 2008).

Estamos, portanto, diante de um legítimo monismo integrativo, que não vê diferença entre pensamento e realidade, pois que a fonte de ambos é uma só, aquela que percebe prevalecer, tanto no mundo da matéria quanto no mundo do pensamento, uma só realidade, a presença de um SELF dotado de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, características fundamentais do Espírito.

Pois que o Universo cria a partir da destruição, sentimos em nós igualmente o quanto podemos evoluir com a experiência de nossas tragédias, de nossos fracassos. Da mesma forma, no que se refere às explicações racionais, percebemo-las eivadas de paradoxos, contradições e aporias, nas quais as coisas são, mas, ao mesmo tempo, parecem não ser. E, no mundo subatômico, as partículas se agrupam ou se afastam segundo certa preferência, demonstrando simpatia ou aversão entre elas (cfr. as partículas e suas influências à distância, conforme experiências de ASPECT, p.83)

Ora, se no mundo microfísico ocorre o fenômeno da incerteza quanto à velocidade e a posição posterior do eletron(HEISENBERG), em nossas conceituações, igualmente, percebemos as mesmas indeterminações, seja no que se refere aos diversos significados que devamos atribuir a nossas percepções, seja em relação às suas aplicações no mundo das ações práticas. Assim, tudo que é de um modo pode ser de outro, dependendo das circunstâncias e de nossas perspectivas.

Como se sabe, isto ocorre pelas circunstâncias de que os elétrons se nos apresentam ora como partículas (fótons), ora como ondas (pulsares), o que nos leva à conclusão de que a Natureza oscila entre o fato e suas repercussões ou significados. Assim, como o mundo infra-atômico nos sugere, o fato depende da maneira como o concebemos.

Ora, as consequências disso são espetaculares, por realçarem a importância de nossa presença no todo complexo do Universo, nos mostrando claramente o sentido de nossas lutas e de nossa emancipação das mazelas que nos afligem, sejam as naturais, sejam as culturais. É por isso que a física quântica é revolucionária, ao demonstrar nessa integração, o universo e os humanos como destinos que mutuamente se completam, realizando os propósitos maiores da evolução.