O pulsar quântico do Universo

Dizer que a realidade do Universo, em sua essência, é pulsar quântico, significa entendê-lo como ondas oscilantes que se alternam constantemente em partículas, dentro das incertezas que cercam o mundo dos átomos (HEISENBERG). Porém, isto não se dá nas perspectivas da física clássica, por fazer parte do universo peculiar das micropartículas. Assim, este pulsar dá o perfil de todos os fenômenos que observamos, desde o surgimento ou extinção de planetas, como também as sístoles e diástoles dos batimentos de nosso coração. Como consequência, tudo se torna evanescente e virtual, pela incerteza e oportunidade de tudo o que ocorre.

Igualmente, os cientistas verificam que há, no Universo, uma interação estreita entre onda e partícula, similar àquela entre matéria e espírito, um jogo duplo condicionante de tudo o que ocorre, o que os levou a perceber suas complexas relações de intercâmbio. Ora, o debate surgente aqui é entre dualismo e monismo, o que observamos também a partir de nossa constituição psíquica.

Isto não obstante, o mistério de sua ocorrência consiste em perceber como este Universo vibratório pôde se transformar em mundo sensível, constituído de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, as características fundamentais de nosso espírito, que pulsa e dá vida a tudo que ocorre, permitindo que possamos igualmente identificá-lo.

Em acréscimo, como muitos cientistas verificaram que elétrons e fótons parecem ser dotados de percepção e influência à distância, revestiram-lhes de características psíquicas, e foram levados a pensar num holismo inteligente de todas as discrepâncias, um único princípio que condicionasse toda a realidade. Portanto, as ondas vibráteis que formam o Universo possuem uma única natureza, virtual e psíquica, o que nos conduz imediatamente a abandonar a tese simplista do materialismo radical.

A natureza do Universo é, pois, decididamente, de caráter singular, pelos condicionantes espirituais que nele estão envolvidos, apesar das aparentes aleatoriedades que o mundo material lhe impõe. Encontrar o sentido a tudo o que existe é uma tarefa in fieri, um rumo de conscientização que se impõe ao suceder das gerações (TEILHARD DE CHARDIN).

Importa, pois, que tenhamos uma atitude clara de bom senso, não permitindo que os preconceitos históricos das ciências obnubilem as evidências que nosso espírito constata, reconhecendo que a realidade não é simplista, mas complexa em sua natureza, abrangendo as três potências que a constituem: o universo cósmico, este de nossos sentidos; o mundo quântico, das micropartículas, bem diferentes em sua originalidade; e, finalmente, o mundo virtual, produto de nossa capacidade mental, que cria a cultura, a arte, a ciência, a filosofia e a religião, como expressões exclusivas de nossa humanidade.

O pulsar do Universo não é, pois, apenas uma manifestação mecânica, mas envolve um sentido de tempo e movimento, essenciais na continuidade da criação, ultrapassando, portanto, as meras condições energéticas de sua atuação. Ora, quem fala em sentido fala também em propósito, um direcionamento que é surgimento de vida e consciência (telefinalismo). Portanto, o Universo tem uma história, a colimação de valores espirituais que estão acima da materialidade ou do aparente caos de suas estruturas micro ou macrocósmicas. Assim, integrar nossa vida nos destinos transcendentes do Universo é o que há de mais coerente com a sua natureza pulsar. A presença do ser humano no Universo é, pois, por sua condição de ser espiritualizado, um processo querido pela evolução, o clímax da identificação do Universo consigo mesmo.