O Espírito, protagonista da 4ª dimensão

Todos nós estamos familiarizados com as três dimensões de nossa sensibilidade, que nos permitem a percepção dos diferentes objetos: comprimento, largura e altura são os paradigmas lógicos que nos capacitam ao exercício de nossos sentidos corporais, moldando assim todos os contornos passíveis de serem observados.

Isto não obstante, percebemos também a existência de um universo vivo, simbólico e virtual, uma quarta dimensão da realidade que está acima de nossos cinco sentidos, moldando um mundo  abstrato  mas nem por isso menos real, que se situa além do tempo e do espaço, constituindo o universo do pensamento, das ideias e das causas, da ética e da cultura, dos valores e dos objetivos, aspirações e propósitos de tudo que existe.

Dessa forma, é justo indagarmos a origem de tais manifestações, estranhas ao mundo natural, uma propriedade exclusiva da mente humana, mas que impregna o estofo de toda a realidade, pois que podemos observar que tudo o que existe só vem à existência através de um ato de conhecimento, um momento de apreensão abstrata das primitivas dimensões ‘objetivas’ que nossa mente foi capaz de apreender pelos cinco sentidos.

Ora, conceber nossa mente como possuída por essa capacidade original é reconhecer que a Natureza é dotada de atributos transcendentes, atribuídos a nós de uma forma gratuita, a única espécie animal capaz de captar o sentido primário da criação, dando-lhe condições potenciais de experimentar tudo de forma etérea, eivada de espiritualidade e consistência.

TEILHARD DE CHARDIN (1881/1955) chamou este universo da 4ª dimensão de NOOSFERA, derivada do grego Nous, ou a presença viva de um Propósito que anima e sustenta a manifestação essencial de todas as coisas. Dessa forma, quais seriam as características a serem realçadas quando se trata desse universo em quarta dimensão?

1º) reconhecer o universo como realidade espiritual, tendo como origem  Algo Superior, acima da materialidade aparente, por isso mesmo um mundo além dos cinco sentidos, captado exclusivamente por via intelectual, é o reconhecimento do milagre do surgimento gratuito de tudo que parece aleatório, do qual se pode ainda apreender sentido e coerência, pelas maravilhas de seus fenômenos inusitados, mesmo que sejam destruidores.

2º) convencer-se do primado do pensamento (a consciência) como princípio do ser é sentir o influxo permanente de algo perene, a experiência abstrata de que a essência de tudo não é  nossa sensibilidade mutável, mas uma realidade óbvia que é apenas tautológica: o ser na consciência é de origem primordial (esse est percipi).

3º) viver  na originalidade do momento, como contraposição permanente à ilusão do tempo, que condiciona tudo a ser algo transitório, pois o real que existe é apenas esse do agora, eterno e fugidio no instante.

4º) inteirar-se da conciliação dos contrários, que me predispõem a reconhecer que tudo que parece contraditório é apenas o contraste pelo surgimento do novo, na dinâmica dos acontecimentos que constituem a essência de um universo mutável.

5º) aceitar o universo da fé, revelada em diferentes religiões e inspirada na convicção pela presença do ESPÍRITO, seja o bálsamo a confirmar nossas convicções contraditórias, mas necessárias no seu revigoramento.