O Espírito é como um raio de luz

O Espírito dá vida à Natureza e ao meu eu interior como um raio de luz que cria e destrói, recria e reconstrói; é chama de fogo que não se apaga, é como Palavra Divina a dar sentido a todas as coisas. Sem o Espírito, o Universo fica caduco e perde sua razão de ser. Ao ser humano foi dado o privilégio de poder entender isso e criar formas inusitadas de homologia simbólica.

Chamamos de homologia simbólica a esta capacidade que possui nossa inteligência em transformar o sentido primário das palavras, assimilando relações de sentido só tornados possíveis pela capacidade noética de nosso espírito. As parábolas são também muito próximas às alegorias, mantendo uma estreita relação de similitude, pois ambas nos demonstram como é criativo nosso espírito, aparentemente profundamente diferente do estofo material que nos cerca. Cristo gostava muito de ensinar por parábolas.

No que se refere à luz, sabe-se pela física que é um fenômeno corpuscular/ondulatório, inerente às transformações energéticas dos átomos, causando irradiações de claridade e calor circundantes. De origem misteriosa, a luz se encontra no âmago da realidade cósmica, o que levou o antigo escriba a fazer da criação da luz o primeiro ato do Deus Criador ( Gen, 1,3).

Não obstante, há na literatura religiosa uma forte tradição alegórica ligando a luz ao próprio conceito de Deus, assemelhando-O a um Espírito-de-Luz, como podemos constatar desde o Antigo Testamento, o que não deixa de ser uma ousadia de nossa inteligência, ávida em querer saber algo da natureza do Criador, apesar da Tradição reconhecer que esta é uma tarefa impossível à nossa capacidade mental. A luz, portanto, pode ser considerada uma manifestação irradiante de Deus, o raio de um poder criativo e luminoso que nos cabe, apenas, venerar.

PLATÃO, na Alegoria da Caverna, coloca a ignorância como um mundo de sombras, só superável por aquele que consiga se libertar dos fardos de sua prisão, para poder, ao contemplar a luz exterior, perceber o calor e a luz do Sol, mesmo que isso o deixe quase cego, pela falta de hábito. Ora, isto só se torna possível pela familiaridade de nosso espírito com a luz.

Comparar, pois, nosso espírito com a luta perene da espécie humana em superar as trevas da ignorância é o anseio do espírito que nos constitui e ao qual deveríamos dar a máxima atenção, por ser o motivo próximo e longínquo de nossa existência. Para tanto, podemos esperar contar sempre com a inspiração sobrenatural do Espírito-de-Luz que está sempre muito próximo de nós.

O apelo ao chamamento do Espírito se faz comovente: ‘Vinde Espírito Santo e acendei em nós o fogo de vosso amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da Terra. Oremos: Oh Deus!, que instruístes o coração de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de Sua consolação’. Aprender a conviver na presença do Espírito é um privilégio reservado a poucos.