O despreparo político

Já faz bastante tempo que os estudiosos da política fizeram a distinção entre ciência política e ideologia política. Lamentavelmente, a maioria dos políticos brasileira ainda não aprendeu a fazer esta distinção, o que acarreta graves prejuízos e ineficiência na obtenção dos resultados sociais.

A título de rememória, vamos lembrar que a ciência política é constituída por aquele conjunto de providências que são tomadas a partir dos dados concretos que embasam a realidade social de um país. Pelo seu caráter de formulação a partir de dados concretos, forçam a tomada de decisões que se tornam, modus in rebus, inquestionáveis.

A ideologia política, por outro lado, pertencendo ao mundo do dever-ser, diz respeito aquele ideário de concepções que emolduram as estratégias de ação, que por sua vez perderão qualquer sentido de coerência e eficácia em longo prazo, se não respeitarem a lógica e as condições inelutáveis da realidade. Como diz o ditado popular, de boas intenções o inferno está cheio…

Citemos alguns exemplos dramáticos de confusões ideológicas que têm perpassado a nossa história política:

1) A pouca importância que os nossos políticos têm dado à realidade dos fatos, torcendo-os para justificar os seus propósitos, demonstrando com isso imaturidade e nenhuma responsabilidade política.
2) A falta de continuidade na ação política, pela mudança constante de perspectivos, planos e estratégias, desperdiçando esforços no meio do caminho.
3) Promessas de mudanças radicais nas ações dos governos anteriores, causando descontinuidade nas ações públicas e sérios prejuízos à coletividade, a quem sempre cabe pagar a conta.
4) O pouco compromisso dos políticos com os seus eleitores, que são solicitados apenas na época das eleições. Depois, nenhum contato ou prestação de contas.
5) Irresponsabilidade no uso do dinheiro público, com baixo critério de compromisso ético com o povo e com a sua consciência.
6) Falta de vontade para implementar planos globais e de longo prazo, que realmente venham contribuir para a solução de nossas graves mazelas sociais.
7) Classe política extremamente corporativa, voltada na maioria dos casos para a defesa de seus próprios interesses, faltando-lhes sensibilidade para o trato das grandes questões nacionais

A continuar o discurso político como está, pouca esperança podemos ter de que o nosso futuro possa ser melhor do quem tem sido até agora. O que o nosso país está necessitando urgentemente é de uma reforma política que estimule a participação voluntária das novas gerações, pela discussão mais participativa de nossos problemas.