Nossa Senhora da Liberdade

Por ser feminina, a liberdade é oportunidade, ousadia e manifestação de arte. É oportunidade, por criar opções de agir; é ousadia, por testar nossa coragem e é arte pelas suas contribuições inovadoras. Nª Srª da Liberdade é, com certeza, o ícone de todas essas virtudes, o auxílio na concreção de todos nossos esforços.

Dentre os diversos nomes de devoção à Maria, este de Nossa Senhora da Liberdade torna-se bastante atraente, quando vemos a humanidade não saber até hoje colocar limites a seus desvarios, pela falta de consciência do que significa viver, ou pela ausência de parâmetros na perseguição de seus corretos objetivos. Dessa forma, aprendendo pelo exemplo de Maria, a mãe do Salvador, vamos, a partir dela, aprender o que significa ser livre, pela sua desprendida aceitação de obediência!

Pois Ela tem tudo a ver com a liberdade, na medida em que soube viver os paradoxos entre vontade própria e submissão, entre o querer e o dever, aceitando docilmente a missão imposta pela anunciação. Pois cada um de nós, exercendo nossa vontade, sabe o quanto nosso egoísmo subverte nossos compromissos!

Pois a liberdade não consiste em fazer o que se quer, mas o que se deve, conclusão que significa a necessidade de nos submetermos de uma forma espontânea às obrigações a nós impostas pelas condições de nosso destino. Ora, isto exige de cada um de nós um judicioso cuidado para que não tomemos, na oportunidade, as atitudes que contrariem o que deve ser feito!

Se, no paralelismo natural das características fundamentais do Espírito – criação, razão, sentimento e liberdade – relacionamos a criação do Universo a Deus Pai; se, no que se refere à racionalidade do mundo, a relaciono a Deus-Filho; se submeto minha vontade e meus sentimentos à inspiração do Espírito Santo, no que se refere à liberdade, devo vinculá-la à Maria, personagem fundamental na implantação do Reino, por seu SIM que coroou a obra da criação, sua submissão livre ao anúncio do anjo Gabriel: ”Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lc, I, 38).

Ora, imitando Maria, transformamos o exercício de nossas liberdades num verdadeiro desafio, a marca diferencial de nossa grandeza ou de nossa pequenez, se não soubermos aferir devidamente que tudo o que fazemos deve trazer a marca de nossas características de seres humanos dotados de fé, espiritualidade e grandeza. Os medievais chamaram a isto sinderesis ou nossa atração natural aos valores sintetizados no bem.

E, lamentavelmente, apesar dos esforços das famílias, da educação e das religiões, temos de reconhecer que até hoje a humanidade não foi capaz de tirar do limbo de suas contradições tudo o que se refere ao exercício das suas liberdades. Pois, acima das ideologias e dos preconceitos, há ideais humanos universais que devem ser inculcados na mente de todas as pessoas: respeito à vida, pluralismo democrático, moderação e tolerância, desprendimento e solidariedade, são apenas alguns exemplos.

Dessa forma, diante de tantas dificuldades, não deixemos de nos lembrar do Socorro de Maria, invocando-a como Nª Srª da Liberdade:

Nossa Senhora da Liberdade
Dá-nos a graça da espontaneidade
E nos socorra nas dificuldades
Ao cumprir nossos deveres.

Transforme-os para nós em prazeres,
Para assim com alegria assentir
E nos fracassos refletir
Que a graça do Espírito Santo
É opção de permitir!