Mundo natural versus Mundo etéreo

ÉTER, na química moderna, é um composto orgânico formado por um átomo de oxigênio e dois de carbono. Não obstante, o mais importante no citado conceito são suas implicações de natureza física, quando foi concebido pelos pensadores antigos como um substrato energético que permite a ocorrência de todos os fenômenos naturais!

EMPÉDOCLES (495/430 a.C.) nos legou a teoria dos quatro elementos que formam o mundo natural: terra, água, ar e fogo, se intercambiando através de um meio eólico, o éter, que daí evoluiu para o adjetivo etéreo, significando a transformação sutil que ocorre naqueles elementos básicos, como defluências presentes em todo o Universo.. Assim, o mundo natural, que constitui o universo sensível, vive condicionado pela matéria e suas leis de causa e efeito, afetando tudo que aparece aos nossos sentidos. Já o mundo etéreo abrange a realidade transformada que o ser humano capta a partir das propriedades daqueles elementos.  Vamos ver os exemplos:

O Som é o éter do elemento Água
A Luz é o éter do elemento Ar
O Calor é o éter do elemento Fogo
A Vida é o éter do elemento Terra
A Alma é o éter do elemento Corpo

Em princípio, torna-se necessário  distinguir entre os aspectos físicos e os aspectos etéreos dos elementos naturais: os primeiros apelam a nossos sentidos, os últimos referem-se a seus aspectos virtuais. Um exemplo é a diferença entre o fogo e o calor, entre a água e o som, entre a Terra e a vida, entre o corpo e a alma.  O fogo queima e o calor aquece, mesmo tendo a mesma origem; a água aglutina, o som separa: enquanto a água em gotas faz o mar, o som se combina para formar as melodias. O mesmo ocorre com as relações entre o ar e a luz: enquanto aquele se dispersa, a luz se concentra no ar para permitir a localização dos objetos.

É um mistério transcendente este fato da evolução ter dotado a espécie humana de características tão diferentes do mundo natural, ultrapassando-o e o aperfeiçoando, de tal forma a dotá-lo de potencialidades suprassensíveis, simbólicas e virtuais. Chamamos de  mundo etéreo ao conjunto dessas potencialidades, geradas pela consciência humana, sem deixar de possuir propriedades vincadas no mundo natural, mas defluindo dele de forma transformadora.

Temos ouvido falar-se muito sobre as características transcendentais da Alma, suas raízes vincadas na Natureza, mas sobretudo sentidas pelo ser humano como uma fonte inesgotável de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, valores paradigmáticos cujas origens se radicam em seu corpo biológico e no mistério da capacidade psíquica do ser humano.

A Alma é muito similar ao Espírito. Não obstante, é importante fazer-se a distinção entre os dois: a Alma vem de dentro do corpo, o Espírito vem de fora, aquela vinculada à nossa subjetividade, sendo perecível com esta. Já o Espírito é um sopro vivo de transformação paradigmática que transforma a matéria de nosso corpo, tornando-o vivo e criatura de Deus (Gen, 2, 7).