Fundamentos objetivos da experiência religiosa

Sabemos que a experiência religiosa tem fundamentos subjetivos e objetivos. No primeiro caso, trata-se de motivações surgidas a partir de nossa condição vital, sujeita seja ao milagre de sua ocorrência, seja à sustentação de suas condições, precárias e sempre à mercê de suas fragilidades. Nossa condição orgânica sempre está a merecer cuidados, mantidos saudáveis apenas por constante vigilância, o que não esgota nossos limites naturais. É como se fôssemos  criados para não aceitar o fato da  morte. Dessa forma, deixar nossas fragilidades aos cuidados da providência divina resulta em forte alívio nas preocupações, corroborando nossas condições de serenidade e alívio quanto ao futuro de nossas vidas.

Isto não obstante, podemos verificar ainda que há fortes indícios objetivos para as nossas crenças, motivadas pelas condições aleatórias em que o Universo se sustenta, mais produto de uma exceção do que de causalidades naturais, fragilizando a capacidade de nossas ciências em explicá-lo. Podemos então verificar que são naturais nossos impulsos à transcendência, diferenciando-os seja a partir do macrocosmo ou mundo sensível, do microcosmo ou mundo quântico, ou do mundo virtual, espiritualizado.

No que se refere ao universo que observamos, vemo-lo surgindo a partir de um ato criador (big bang), como que surgindo do nada. Os cientistas até hoje não sabem explicar porque ele aconteceu e de onde possa ter vindo. Em acréscimo, sua evolução parece demonstrar um propósito, eclodindo vida e consciência. Ora, esse é um apelo forte para fazer surgir nossas crenças em Deus, Providência Divina a conduzir todo o processo, apesar do ceticismo de alguns cientistas ateus.

Além do mais, o gigantismo do processo criativo nos assusta, tornando nossa humanidade insignificante diante da opulência do cosmos, mas não menos importante quanto a sua influência no universo futuro, que se descortina nas viagens interplanetárias: a força da inteligência humana superará suas limitações naturais!

Igualmente, no que se refere ao mundo dos átomos, suas incertezas e sua posterior eclosão em universo organizado chama-nos a atenção quanto à sintonia fina de seus detalhes, que por um fio teria se transformado em nada! A ausência de um só detalhe teria frustrado o ímpeto criador, o que nos leva a supor uma origem deliberada para o seu surgimento, um design inteligente a conduzir todo o processo.

Finalmente, referindo-nos ao universo virtual, podemos dizer que ele só existe pela presença marcante de nossa espiritualidade, criando as manifestações notáveis da cultura, dos valores, da arte e das manifestações religiosas, sem o qual jamais o ser humano teria podido transcender as limitações do universo cósmico e das pequenas partículas.

O ser humano, portanto, só alcança seus ideais de superação material pela força de sua espiritualidade, sem a qual estaríamos todos condenados à sucumbência diante da inutilidade da vida. Portanto, há motivos fortes para que nos tornemos dóceis aos apelos da espiritualidade, superando assim nossas dúvidas recorrentes, cujos fundamentos não encontram eco na realidade.