Fora com o materialismo!

O materialismo foi a ideologia resultante dos avanços científicos ocorridos durante o século XIX, dando-nos a aparência de que a ciência experimental explicaria todos os mistérios que até então afligiam a inteligência humana, não deixando nenhum espaço para as possíveis crenças admitidas, pois doravante eles seriam totalmente desvendados. As crenças passariam a ser apenas superstições.

Não obstante, foram os próprios cientistas que acabaram por destruir o conceito de matéria como substância, substituindo-o pelo conceito de ocorrência vibrátil, ou acontecimento aleatório no mundo caótico da física quântica, sob a forma virtual de oscilações energéticas, que se precipitam momentaneamente em forma sólida, mas apenas aparentes.

Ora, o universo passa doravante a nos transparecer como a eclosão de uma experiência pessoal de percepção, tornada possível apenas através de nossa consciência ou vivência interior, subjetiva, como uma leitura que cada um de nós se torna protagonista, em função das condições aleatórias de nossas condições vitais.

Contudo, isto não significa dizer que não haja história, o lado mais espetacular das experiências que vão se acumulando, dentro e fora de nosso eu, num processo dinâmico de evolução que nos parece ser apenas de natureza cíclica, mas que no fundo traz em si o profundo significado de nossa presença de vida, única e insubstituível ao correr dos anos.

Por tudo isto, a ciência hoje se sente humilde diante dos mistérios que enfrenta, tendo que admitir que a Natureza é mais complexa do que pensaram nossos antepassados pesquisadores, o que nos obriga igualmente a transformar as nossas maneiras de pensar tradicionais, que não são mais compatíveis com a natureza virtual e quântica da realidade.

Podemos dizer que a ciência moderna nos oferece mais condições de crer do que a antiga, pela superação do determinismo rígido das leis da física tradicional, que não existe mais. Temos hoje que acreditar que o Universo não saiu do caos para o cosmos de uma forma apenas por conta de suas probabilidades, o que nos indica a presença de um Princípio de Concreção que faz tudo acontecer, no mistério insondável de Seu Arbítrio Criador.

Além disso, há o estranho eclodir do mistério da vida consciente, o que parece estar presente já no mundo subatômico, o que nos obriga a modificar nossa maneira tradicional de entendê-la, na qual vida e consciência parecem duas faces de uma mesma moeda. É então que nascer e morrer no sentido pessoal perde a importância, pela eclosão de uma vida consciente que nos ultrapassa. A vida do espírito é o nosso destino, como ela nos dá a entender a partir de suas indicações telúricas.