Etapas do conhecimento de Deus

A realidade de Deus é aquela que nós conseguimos apreender, seja a partir de nossa experiência interior, seja a partir de nossa experiência exterior. Se o conhecimento humano oscila entre um máximo de subjetivismo e um mínimo de objetividade, fica fácil verificar que o mesmo ocorre em relação aos conhecimentos que possamos conseguir sobre Deus.

Preponderantemente subjetivo, nosso conhecimento sobre Deus dar-se-á a partir de diversas fontes como a intuição, a argumentação racional, a vontade e, principalmente, a fé. Pelo aspecto de nossa experiência exterior temos a ordem universal, a infinitude do espaço e do tempo, a cultura, as artes e a experiência do bem.

Porque Deus é infinitamente diferente de nós, nosso ponto de partida só poderá ser o conjunto de nossas próprias experiências, obtidas não a partir de métodos “científicos”, precários em si mesmos, mas a partir de verdadeiros saltos qualitativos de compreensão diferenciada e exclusiva, frutos do labor de um Espírito que é a origem, o meio e o objetivo maior de todo o processo.

Deepak Chopra, em seu recente livro Como conhecer Deus (Rio, Ed Rocco,2001), constata a existência de sete etapas ascendentes que temos de percorrer, se quisermos obter um conhecimento aproximado desse que para ele é o maior dos mistérios:

1ª etapa: Deus, o Protetor, fruto da sublimação proveniente de nossa fragilidade diante da Natureza, que nos ameaça e nos surpreende a cada passo com seus mistérios e os seus milagres. Não obstante, para obtermos a sua complacência, necessário se torna sermos fiéis e submissos à sua vontade. Dessa forma, a proteção de Deus é a garantia de salvação, obtida através da expiação de nossas faltas, pela conversão e pelo culto.

2ª etapa: Deus, o Todo-Poderoso, reflexo das tentativas milenares de superação de nossas fragilidades. Por isso Deus se torna providente racional e justo, bastando para nós, portanto, que sejamos confiantes em nossas iniciativas. A fé em Deus passa a ser a garantia de nosso sucesso, pois para Ele nada é impossível.

3ª etapa: Deus da Paz, resposta às turbulências que a humanidade cria em seu afã de progresso e riqueza. Há que se conseguir um estado de repouso e despreocupação a qualquer custo, condição fundamental para que Deus possa ser encontrado. Nesta etapa, o Deus exigente e obstinado das etapas anteriores se torna silencioso, imóvel, consolador.

4ª etapa: Deus, o Redentor, é o coroamento do Deus da Paz. Ele representa em estágio avançado de introspecção, virtude e sabedoria, que culminam em fé, esperança e caridade. Nada se dá por acaso, não há mais diferença absoluta entre o bem e o mal. Deus, o Redentor, nos salva por seu exemplo.

5ª etapa: Deus, o Criador, é a apoteose da manifestação mística, refletida em nossa capacidade de criar. A plenitude do Espírito nos revela que tudo é milagre e obra divina, quando nós somos apenas um dos seus instrumentos, testemunhas e obreiros da obra magnífica de tudo o que existe.

6ª etapa: O Deus dos Milagres, reflexo de uma consciência visionária, quando o Espírito que habita em nós nos torna capazes de realizar coisas extraordinárias. É a manifestação plena dos dons de Deus em nosso interior, realizando curas, milagres e profecias.

7ª etapa: Deus do Ser Absoluto, intuição da eternidade de Deus como algo que sempre é. É a identificação de tudo com a unidade de Deus, ao mesmo tempo uno e plural. Esta é a etapa mais elevada e portanto a mais abstrata e vazia no caminho para chegar até Deus. Neste nível tudo está relacionado, todos os opostos estão conciliados. Não há mais diferença entre o real e o simbólico, entre o temporal e o eterno, entre o simples e o múltiplo. Deus é tudo em todos e assim será para sempre.