Através da revelação, a morte não é o fim

A morte tem a aparência de um fenômeno natural, mas pelo grau de sua relevância, só encontra solução através de perspectivas religiosas, de forma a superar as frustrações  causadas pelo seu aparente radicalismo, o término da vida. Pois é por força de seu Espírito que o ser humano consegue avaliar o verdadeiro sentido da morte, como algo que ele não deseja, mas que se encontra inserido num plano transcendente de pecado e salvação.

O cristianismo sofreu as influências remotas do judaísmo, cujos profetas, desde épocas remotas, nos asseguram as preocupações divinas com relação aquilo que nos atinge: “O Senhor, pois, é aquele que vai adiante de ti; Ele estará contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te espantes” (Deut, 31,8). Se DEUS participa de todas as coisas e está em nossa companhia, se Ele vive no interior de nossas  consciências, a morte fica irrelevante diante de tão alta dignidade patrocinada pela crença. Esta garantia nos dá conforto e a certeza de que a morte está inserida nos planos redentores da criação.

Pois, de fato, as assertivas religiosas a respeito da morte possuem especial  importância, como as únicas formas de proporcionar consolo aos aparentes infaustos que ela representa. Dessa forma, a força da fé é peremptória, nas palavras de Cristo:  “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11:25-26).

Para tanto, o Novo Testamento é pródigo em nos assegurar a aparência provisória da morte, confirmada pela contínua interferência de Cristo em ressuscitar pessoas: a ressurreição do filho da viúva de Naim em Lucas 7: 11-17, a ressurreição de Lázaro, em João 11: 1-46 e a da filha de Jairo em Mateus 9: 18-26, a  promessa a São Dimas no Calvário (Lucas 24: 39-43) e a própria ressurreição do Salvador, são alguns dos muitos exemplos que nos demonstram que, para Cristo, a morte é apenas um fato  aparente, que não destrói a essência do ser humano.

Sem dúvida, nosso Espírito anseia pela sustentação da vida e a crença na presença de uma força divina em nosso interior são as maiores garantias de que nossa vida será mantida, se transformando em uma nova realidade, transcendente e imersa em felicidade. Ora, se tivermos tido uma vida transviada, mesmo assim ela não terá fim, indo habitar o reino das trevas, como resgate das faltas cometidas.

Portanto, verifica-se que o discurso patrocinado pela fé é completamente esperançoso  quanto a nosso destino depois da morte física, restituindo a ressurreição como um fato  concreto, a partir dos milagres de Cristo: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo, 10-10). É, pois, dessa forma, que a abertura do ser humano às perspectivas transcendentes da fé se tornam  imprescindíveis, como forma de complemento aos limites da vida humana.

São Paulo, em Coríntios 15:22 compara  Cristo a Adão: se pelo pecado  de um só homem foi legada a morte para toda a humanidade, por meio da ressurreição de Cristo temos as primícias de salvação para todos. Ora, este lance ousado do apóstolo inspirado não faz nada mais do que ressaltar de que só pela fé temos a resposta adequada para superar as angústias de nosso aparente fim: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Ora, o aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a lei” (1 Cor 15: 55-56”).  Assim, superar a lei humana pela lei divina do amor, eis o segredo para ter certeza de nossa perenidade.