Ateus, graças a Deus

Ninguém seria ateu se não possuisse inteligência e capacidade mental para questionar a existência apodítica de Deus. Pois, crer em Deus é mais evidente do que não crer, quando sentimos que há motivos de sobra para se constatar pistas de Sua Presença tanto imanente ao Universo vivo, como transcendendo ao mesmo, nos arcanos de nossa sensibilidade intuitiva, baseada na fé.

O ateísmo é assim uma doença infantil de quem, como Richard Dawkins, o célebre biólogo inglês, não consegue sair de suas limitações conceituais, o que o coloca na condição de não ser capaz de corresponder aos mínimos apelos de sua subjetividade racional. Ora, isto são carências de nossa falta de conhecimentos filosóficos, comuns em tempos pós-modernos.

Pois é por aqui que deve ter início nossa abertura para o divino, ao acolhermos os fatos comuns constatados por nossa vida interior, que coloca a mente como condição para o funcionamento do cérebro humano, a máquina milagrosa de nossos pensamentos, dando-nos a capacidade de ter acesso à intuição sobre a origem de todas as coisas.

Assim, Deus é o pressuposto dessa capacidade natural, que nos faz nos maravilharmos diante de tudo que existe: pois se as coisas são, é porque, por trás disso, há um Princípio de Poder que as traz à existência. É dessa forma que Deus não necessita de demonstração, pela simples evidência de que há coisas criadas, o que responde à pergunta clássica: ‘Por que existe o ser antes que o nada?’ A resposta é como aquela proposta por Parmênides: o Ser é eterno em Si Mesmo, no fluir permanente de todas as coisas, criando e aparentemente transformando tudo que cria!

Em contrapartida, a resposta primária da ciência nos diz que tudo é resultado de trocas atômicas e acasos biológicos, o que, contudo, não altera a questão referente à evolução das coisas, a inspiração espiritual humana de encontrar o porquê, como demanda nossa observação atenta, subconsciente.

É dessa forma que podemos conceber Deus como um princípio etério, imanente e transcendente a meu eu, capacitando-me a desenvolver criatividade, racionalidade,  sentimento e liberdade, como atributos defluentes de Sua Natureza em mim, como também no Universo criado.

Sendo evidente através desses atributos, Sua Presença se torna intuitiva, virtual e acessível somente por meios não racionais, em função da maneira como nosso próprio espírito tem acesso à Sua Natureza. Por outro lado, muitas pessoas desejam vê-LO e tocá-LO, como se Deus fosse um objeto ou um ser material: ora, isto não tem nenhum cabimento, pois Ele se nos apresenta como Ens Absconditus, o Ser Absoluto que é como que uma ressonância de vibração a partir da energia de que são dotadas todas as coisas.

Em acréscimo, é-me permitido concluir que, além de manifestação de poder, Deus se nos revela também como a origem de todo o bem, o que nos reconforta neutralizando as frustrações de nossa existência, pela ocorrência aparente do mal.