A transfiguração quântica dos significados

Assim como ocorre no campo da física nuclear, na qual são necessários saltos quantitativos de energia (os quanta, segundo MAX PLANCK) para dar origem a diferentes fenômenos, a transfiguração quântica dos significados diz respeito aos processos criativos de nossa inteligência, que insiste em obter novos sentidos e relações a partir de tudo que observa.

Pois qualquer análise superficial ou profunda do Cosmos e da Natureza está sempre a denunciar a enorme complexidade que envolve a transformação das coisas, de início eivadas de contradições e aporias, mas sempre se superando, de forma a manter constante o processo criador. Este chamado para a coerência de tudo se coloca justamente no sentido de permitir que as dicotomias contraditórias não se destruam autofágica, mas se superem multissignificadamente. Vejamos alguns exemplos:

Ser / não-ser > vir a ser
Certeza / dúvida > crença
Nascer / morrer > eternizar
Bem / mal > valor, ética
Variedade / unicidade > singularidade
Pessimismo / otimismo > esperança
Positivo /negativo > energia e criação
Sensação / intuição > simbolismo
Fato / interpretação > ideologia…

Assim, nossa inteligência percebe que os fenômenos do Mundo encontram-se permeados pela ocorrência constante de, pelo menos, três elementos, três fatores ou três momentos que ora se identificam, ora se imiscuem, ora se superam, sem deixar de serem mutuamente dependentes. É como o Espírito de uma Trindade em ação.

Sem dúvida, essas oposições dicotômicas induzem-nos à sua constante superação, de forma que possamos compreendê-las em sua complementariedade, permitindo assim o surgimento de novas essências e novos significados. Dessa forma, nos processos de conhecimento, fica demonstrado que a ênfase a ser dada aos conceitos não são mais suas contradições dualistas, mas sim como elas se complementam em sua polaridade.

Em representação semiótica, algo unitário (tese, fig 1) se opõe a si mesmo (antítese, fig 2), que por sua vez gera um terceiro (síntese, fig 3), igual ao primeiro, incluindo agora o 1 e o 2.

Como se observa, o momento dois se mostra invertido para demonstrar a oposição dualista imposta pela contradição do um. Este é triangular por, desde o início, implicar o seu contrário e a sua transformação.