A Religião, um valor social objetivo

Quando se fala em valores, costuma-se distinguir entre os subjetivos e os objetivos. Os valores subjetivos são aqueles introjetados em nosso íntimo, as convicções, os arquétipos que instintivamente dirigem nossas ações. Já os objetivos são aqueles materializados em conquistas positivas, como a democracia em instituições políticas, ou as obras de arte, num determinado contexto cultural.

Ora, no que tange à disseminação de valores religiosos, nossa sociedade leiga e preconceituosa ainda não tomou consciência de sua importância no meio social, como arma objetiva na formação da mente das novas gerações, sem os quais continuaremos a produzir gerações de animais humanos desprovidos de sentimentos e fraternidade.

Quando muito, nossas escolas têm recomendado um ensino transversal de noções éticas, que acabam por não terem nenhuma consequência mais duradoura nas convicções de nossos jovens. Dessa forma, urge uma mudança rápida na maneira de encararmos a importância das noções fundamentais da religião, como uma providência necessária à criação de valores subjetivos na mente das novas gerações.

Deus não é um bicho-papão e as práticas religiosas devem ser incentivadas como uma atitude natural da condição humana, sujeita ao milagre de sua eclosão como vida, como consciência, como sede de valores que visam apenas a nos tornar mais humanos, com vistas à nossa felicidade pessoal. Assim, fazer da religião objeto de conflito é um contrassenso inconcebível!

Fiéis aos seus dogmas, referimo-nos a uma religião espiritualizada, tolerante e ecumênica, resultado dos valores subjetivos e objetivos que ela contém, libertadora de nossas amarras naturais, sem alimentar sectarismos ou preconceitos doutrinários. Fiel às origens das inúmeras gerações que sustentaram sua fé, o mundo atual está necessitando de um contato maior com a vivência religiosa, como forma de combate aos excessos provocados pelos exageros da vida material.

A humanidade, após a revolução tecnológica atual, já atingiu um nível suficiente de maturidade para ter consciência de seus excessos, da gravidade de seus desvarios com relação ao dinheiro, ao meio-ambiente, aos exageros sectários causados pelas diferentes crenças, que ainda insistem em seus propósitos de dominação. Pois é justamente isso que se trata de superar, ensinando às novas gerações que nós somos criados para sermos pessoas de bem, solidários a todos segundo nossa condição humana universal.

Ora, para isso, basta apenas uma mudança na atitude de cada um de nós, despojando-nos de nosso laicismo materialista e aderindo com entusiasmo à causa nobre de nossa origem sobrenatural, como um apelo de Deus à Sua Graça. A espiritualidade é uma prática valiosa que está faltando muito a todos os humanos, ocidentais ou orientais, que necessitam reaprender a perceber como os milagres estão a cada momento à nossa volta.

Para tanto, qualquer lugar é lugar de oração, ter nosso espírito aberto a uma Presença que está a todo o momento conosco, vivendo em nossa companhia, a nos inspirar o bem e a felicidade pessoal.