A perspectiva sexual do amor

Abordar os aspectos sexuais do amor constitui-se numa tarefa assaz complexa, por envolver biologia, psicologia, valores e até a religião. Seus impulsos irresistíveis, contudo, parecem encontrar fundamentos na astúcia da Natureza, que vela desesperadamente pela continuação da espécie. Assim, considerado em nível puramente biológico, o instinto sexual realiza a forma menos nobre do amor, pois dependente que fica, desde o início, dos impulsos hormonais.

A partir de uma perspectiva puramente animal, o instinto sexual condiciona-se a um forte pendor de promiscuidade instável, o que o torna altamente suspeito sob o ponto de vista da estabilidade e da economia das instituições sociais (como a família, p.ex.).

A solução poligâmica da família (como praticam alguns muçulmanos), também não representa uma boa solução ao problema da promiscuidade sexual, de vez que apenas nivela por baixo a sublimidade do amor, que assim fica reduzida ao simplório nível da satisfação instintiva do apelo sexual, ao mesmo tempo em que cria sérios problemas em relação à prole e ao descontrole da população.

A moderna cultura ocidental tem sido marcada por fortes pendores de hedonismo sexual, facilitado pelos avanços tecnológicos e pela contínua emancipação sexual da mulher. Não obstante ao fato de que tal promiscuidade tem gerado radicais modificações nos costumes e a proliferação de graves doenças sexualmente transmissíveis, são aspectos graves a serem considerados.

Por outro lado, o casamento monogâmico, se não traz consigo a solução instintiva do apelo sexual, pelo menos procura demonstrar que pode se tornar sublime em seus ideais de amor exclusivo e afetuoso, do que tem resultado famílias fortes, saudáveis e duradouras.

Como bem procurou demonstrar Platão no seu diálogo “O Banquete”, devemos considerar as formas inferiores do amor (sexual, romântico ou familiar) apenas como degraus para que possamos nos elevar até a etapa sublime do amor sem interesse, desprendido (amor platônico), baseado apenas na doação e na renúncia permanentes.

Concluindo, para quem deseja livrar-se dos tormentos do sexo, algumas estratégias são recomendadas:

1) Não viva só pensando “naquilo”. Diversifique seus interesses e suas atividades.
2) Não considere seu corpo seu inimigo, mas nem por isso se torne seu escravo.
3) Evite pensamentos obsessivos de desejo sexual. A renúncia aos desejos é a chave da felicidade (Buda).
4) Pouco ou nenhum sexo fazem muito bem para a saúde.
5) Resista às tentações desmedidas. A oração e a fé são nossos valiosos auxiliares.
6) Seja humilde e conformado nos fracassos. Foram eles que provocaram a nossa libertação (S. Agostinho).