A espiritualidade inserta em nossa mente

A realidade, para o ser humano, é um todo de variadas experiências, o que faz de sua vida um emaranhado de episódios dispersos, dando a impressão de um non-sense, algo que afeta hoje a maioria de nossas reações, sejam exteriores ou interiores. Não obstante, nossa intelectualidade é suficientemente dotada para discernir alguns princípios que subjazem como atmosfera de fundo para nos permitir o reencontro com o sentido de tudo. Refiro-me ao fato da espiritualidade estar imersa na Natureza, como estereótipos a gerir a maravilha da criação. São eles os princípios do poder, os sentimentos do fracasso e os impulsos do amor.

Como conclusões de nosso saber, não podemos deixar de reconhecer que tais princípios são apenas o resultado do labor de nossa inteligência, que se vê inelutavelmente presa às suas próprias impressões, pois a realidade primária de tudo o que ocorre não nos é acessível. Vislumbres de um conhecimento superior, nossa atenção deverá estar voltada para o que é essencial, mesmo sentindo a virtualidade desse mesmo saber, que tem na inteligência humana uma forma extranatural de considerá-la.

O PRINCÍPIO DO PODER – Através do qual  a criação se concretiza, saindo do nada para o ser. Como expressão mais vasta da ação, a que permite que tudo surja como novidade, uma capacidade criadora que dá poderes transformadores à matéria bruta e a nossos ímpetos de iniciativa, pelos quais tudo tende a se concretizar. Se há coisas que acontecem, a ideia de poder nos remete ao princípio de onde tudo surge, o que certifica espontaneamente a existência de um Criador, uma Fonte-Evidente-Por-Si-Mesma, que não necessita de demonstração: Deus é a fonte de tudo o que aparece. Se há coisas, Deus existe!

O segredo está em saber perceber a diferença do surgimento da sensação de poder na Natureza e em nós: enquanto na primeira ela aparece necessária, no ser humano ela aparece condicionada aos limites de nossas disposições ou possibilidades, segundo os aspectos sociais, políticos ou econômicos que nos inspiram.

O PRINCÍPIO DO FRACASSO – Que nos condena a ficarmos restritos aos limites de nossa materialidade, apesar de que nossos desejos são de alcançar uma vida duradoura, uma vida que não tenha fim, a eternidade do existir. Não obstante, torna-se necessário que aprendamos a conviver com os nossos limites e a presença de nossas esperanças de que a Natureza não se frustra em seus propósitos é um forte indício de que alcançaremos um tipo de imortalidade, compatível com as versatilidades do propósito criador. Cristo encarna o princípio do fracasso, só garantido pelo fato de Sua Ressurreição, um ato que repousa apenas em nossa fé.

O PRINCÌPIO DO AMOR – Através do qual todas as nossas ações e propósitos devem ter um sentido de realizar o bem não só para si, mas principalmente em relação aos outros, fazendo do amor o que deveria ser o móvel principal de nossas ações. Como um dom do Espírito, o amor é o maior princípio de todas as coisas, que brota de uma disposição resultante da superação do poder e do fracasso, uma graça que é puro assentimento em doar.

Em conclusão: vislumbres de um conhecimento superior, nossa atenção deverá estar sempre voltada para o lado espiritual, que nos capacita a reconhecer a presença de Algo que transcende os limites da materialidade natural.