A elisão do tempo

Concretamente, todos vivemos imersos na temporalidade. Não obstante, nosso espírito nos capacita a experimentar momentos de superação de suas mutações, pelo êxtase inerente causado pela experiência única de nos sentirmos estáticos e superiores ao tempo.físico, sensível e quantitativo. HENRI BERGSON, pensador francês (1859/1941), foi quem nos legou a diferença entre tempo duração e tempo sucessão, o primeiro uma experiência metafísica, um salto momentâneo e qualitativo, supressivo da temporalidade escalonada.

Dessa forma, podemos citar como experiências típicas de elisão do tempo:

1) O entusiasmo em atingir um objetivo, uma tarefa ou uma obra, que atinge todos aqueles empenhados em concretizar um ideal.

2) Acontecimentos que se tornam permanentes em nossa memória: dos quais sempre estamos nos recordando, um sinal de que o ser humano tem consigo um prenúncio de superação do tempo.

3) Sono profundo: a Natureza nos obriga a termos de dormir, interrompendo assim, periodicamente, o cansaço físico da vida ativa, como forma de superação do desgaste natural do viver. O sono profundo é semelhante à morte, como nos diz S. Paulo, mas compensado pelo despertar fortalecido.

4) A meditação: de olhos fechados, a meditação é o encontro com a paz do silêncio e a imutabilidade do tempo, fazendo-nos sentir em contato com tudo que é eterno. O budismo é o exemplo clássico de milhões de seguidores, lá no Oriente, que praticam constantemente as oito vias do caminho de BUDA para alcançar a felicidade.

5) A oração: CRISTO nos ensina como viver constantemente na presença do Pai, fazendo Dele nossa companhia permanente, de tal forma que nada acontece que não seja Sua Vontade. A oração nos ensina a vencer a temporalidade, pela prática incessante com que repetimos, na liturgia, os momentos sagrados que se tornaram eternos, pela sua importância em nossa história.

6) A fé: que representa nossa disposição em contribuir para o que almejamos se torne realidade. A fé suprime a temporalidade, por se considerar acima do tempo sucessão, por se encontrar além das vicissitudes temporais.

7) O acontecimento de nossa morte: o morrer é a contrapartida do fato de termos nascido, a aparente vitória do tempo sucessão, Não obstante, se vivermos na experiência de uma duração transcendente, realizaremos a elisão aparente do tempo, tornando-nos eternos, não pelo fato de termos existido, mas principalmente pela convicção de que, com ela, entraremos numa dimensão superior de imortalidade, a promessa consolidada sobretudo através de nossa fé.

Em conclusão, a elisão do tempo é uma experiência concreta, desde que nos tornemos abertos a uma perspectiva transcendente, que supere as vias pobres de nossa vida natural.