A consciência, porta-voz de espiritualidade

A consciência, fenômeno completamente diferente do cérebro que a produz, só pode ter surgido pela interferência de algo estranho ao mundo da matéria, um efeito quântico como um salto alterando a ordem aparentemente insensível da matéria.  Não é à-toa que até hoje os cientistas e psicólogos não sabem como explicar o surgimento da consciência, um caminho espetacular na evolução do Universo criado, a partir do aparecimento da vida.

A consciência humana é um fenômeno difícil de ser compreendido: como se tornou possível  que nosso cérebro, um órgão biológico, pudesse gerar as características abstratas que dizem respeito às nossas condições mais originais como seres humanos? Ciência de si mesmo, reflexão, pensamento, lógica e raciocínio, sentimentos, são algumas das características mais originais dos seres humano. Nossos irmãos animais também parecem ser dotados de algumas características de consciência, porém em caráter incipiente. Por isto, só o ser humano ultrapassa o tempo e o espaço, tornando-se um ser das lonjuras, como diria HEIDEGGER.

MAX  PLANCK, em 1831, escreveu: “Vejo a consciência como fundamental. Vejo a matéria como um derivado da consciência. Não podemos nos interpor à consciência. Tudo aquilo que falamos, tudo aquilo que consideramos existente, postula consciência”. Esta expressão do criador da teoria dos quanta, repousa para nós como essencial para compreendermos como ele pretendia explicar o movimento aleatório das micropartículas.

Temos que reconhecer que a consciência é a mais significativa manifestação de nosso espírito, um poder psíquico que parece estar presente em todas as manifestações, como constatou o físico alemão, sob as formas de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, as características principais que identificam nossa humanidade.

Em complemento, o fato é que as pesquisas, na microfísica, cada vez mais, apontam para o caráter vivo e dinâmico da matéria, como se ela fosse já dotada de princípios conscientes, no sentido inusitado, dialético e construtivo. Não obstante este caráter de imanência, os fenômenos psíquicos, desde o início, se nos apresentam  transcendentes  e superiores ao mundo material, por conduzi-lo de forma progressiva, transformando o caos em cosmos, como diriam os gregos.

A filosofia tem especulado, desde muito tempo, o destino final de nossa consciência.  Pelo seu caráter virtual, a hipótese mais plausível é que, após nosso desaparecimento corporal, a consciência seja absorvida no Oceano Etéreo da Divindade, repetindo as mesmas características  nas sucessivas gerações. Trata-se aqui  de um mistério transcendente, do qual as afirmações humanas são apenas assertivas aleatórias.

Dessa forma, temos de reconhecer que os limites  humanos ao tentar desvendar os segredos do Universo são imensos, tornando nossas ciências apenas cifras para superá-los,  sem contudo possuir  os meios experimentais para sua comprovação. Este é o momento oportuno para o surgimento da fé e da crença, como as únicas formas possíveis de satisfazer nossas indagações.

Como nos disse PASCAL, a fé verdadeira é um privilégio que dispensa comprovação, por se constituir numa aposta em que só temos a ganhar,  valendo-se, portanto,  por si mesma.