A conformação triádica do tempo

Em geral, o tempo parece ser um fenômeno uniforme, envolvendo a transformação contínua das coisas. Não obstante, nosso espírito consegue distinguir as características peculiares de seus três grandes aspectos, próprias da natureza específica dos universos a que estão submetidos.

A partir da distinção entre o mundo cósmico, o mundo quântico e o mundo virtual, podemos  então distinguir entre o tempo comum (sucessão), o tempo quântico (instante) e o tempo virtual (duração). São as três formas distintas de reconhecer a transformação das coisas, segundo a natureza própria de cada um deles, que convivem de forma integrada, mas dialética, por serem simultâneos, mas diferenciados.

O tempo cósmico é o mais sensível, aquele que registra o surgimento e/ou  desaparecimento dos seres (passado, presente e futuro), segundo as leis universais  da entropia. Como nos assegura  ARISTÓTELES, na ordem das causas, não pode haver  a regressão ao infinito, pelo que somos conduzidos à intuição da presença  de  um Criador, Fonte Primeira  da vida e da morte, que não se cansa de fazer surgir   cada ser, em processo contínuo de Providência, conforme o entendimento de SANTO TOMÁS DE AQUINO.  Nossa atitude para com Ele é de veneração e respeito para com tudo que Sua misericórdia nos destina, mantendo nossa fé em Sua benevolência (amor). Ora, isto torna para nós ser o tempo cósmico aquele cheio de expectativas, de acordo com tudo que presenciamos acontecer, de bem ou de mal, que aparentemente são apenas circunstanciais.

Próprio do  microcosmo, não se regula pelas leis da física clássica, sendo probabilístico e incerto em seus processos. Podemos compará-lo a efeitos imprevistos , nos quais  as possibilidades rompem  continuamente com as condições determinísticas, tornando tudo possível, a certeza inconsútil da  transformação de todas as impossibilidades. Assim, o tempo quântico é diferente, por ser o reflexo do inusitado  de seus efeitos, momentos   repentinos de concreção. Criando aleatoriamente novas situações, ele é  puro milagre, dando origem a tudo em que vai se  transformar.

Por fim, em tudo que se refere ao tempo virtual, basta dizer que ele é similar à eternidade, momento sutil do instante, pura duração, fazendo surgir as criações fantásticas de nosso espírito. Aproximando o real do simbólico, o  tempo virtual é imaginário, transcendente em sua oclusão e perene no simbolismo de seus efeitos. O tempo virtual  ultrapassa os limites do tempo sucessão e do espaço fracionado, refletindo uma experiência concreta de nossa espiritualidade.

Podemos relacionar o tempo cósmico ao periódico, o tempo quântico ao imprevisto dos milagres e o tempo virtual às intuições contínuas de nossa  imaginação. Dessa forma, o tempo virtual é o novo, a criatividade inerente que enriquece nossas abstrações, o milagre do aparecer que cria a arte, a concreção das utopias, a  certificação contínua de nossas certezas e o imaginário da eletrônica, aumentando nossa confiança de que tudo existe na afirmação do novo, manifestação perene de uma criatividade  potencial que não se extingue.