A arte na rotulagem espiritual do Universo

O ser humano, em sua vivência histórica, traz em si esta preocupação de procurar as melhores imagens que possam refletir suas impressões imediatas a respeito de tudo que existe e, para tanto, tem formulado rótulos, concretos ou abstratos, como formas corriqueiras de expressar sua criatividade, o que não deixa de ser uma tarefa peculiar de nosso espírito, que transcende naturalmente o mundo sensível.

Como amostragens semióticas, tais rótulos são possuidores de formas e aspectos de criatividade em largo espectro, por serem dotados de caracteres concretos, mas também abstratos e imaginativos, ocupando um espaço de compreensão transcendental e pluridimensional, conferindo-lhes uma particularidade conceitual sui generis.

Questiona-se se nossos conhecimentos, em qualquer de seus estágios, não seria apenas a montagem criativa de processos de procedimento ou significação, fornecendo para nós, a cada momento, um quadro simbólico que satisfaça nossas indagações. É o que os cientistas e filósofos estão procurando encontrar desde os arcanos intra-atômicos da matéria, a interação das partículas que do caos se transformam em cosmos, fazendo surgir o mundo organizado de nossas percepções sensíveis. É como se o Espírito estivesse presente, desde o início, a forjar o sentido da complexidade das coisas!

Causa-nos espécie o tamanho e as variadas formas que compõem as galáxias, o que faz do universo um formidável espetáculo de criação e destruição simultâneas, colocando o ser humano como apenas um espectador acidental, mas até agora o único ser dotado da capacidade de montar esquemas simbólicos da realidade que observa.

Assim, somos naturalmente conduzidos a perceber o caráter artístico de nossa espiritualidade, capaz de nos inspirar e produzir o bizarro surrealismo de nossas férteis rotulagens mentais.

Tenhamos, pois, o espírito aberto a todas as manifestações abstratas de nossa alma, cultivando sempre nossa imaginação na tentativa de alcançar a racionalidade e a beleza que sempre estão ao nosso redor. A arte em nós é um sinal evidente de que há, em nosso interior, algo mais do que as meras necessidades naturais.